Exu (Èsù) é a figura mais controversa
do panteão africano, o mais
humano dos Orixás,
senhor do
princípio e da transformação.
Deus da terra e do universo;
na verdade, Exu é a ordem,
aquele que se multiplica e se
transforma na unidade elementar
da existência humana. Exu é o ego
de cada ser, o grande companheiro
do homem no seu dia-a-dia. Muitas são
as confusões e equívocos relacionados
com Exu, o pior deles associa-o à figura
do diabo cristão; pintam-no como um deus
voltado para a maldade, para a
perversidade, que se ocuparia em semear
a discórdia entre os seres humanos.
Na realidade, Exu contém em
si todas as contradições e
conflitos inerentes ao ser humano.
Exu não é totalmente bom nem
totalmente mau, assim como o homem:
um ser capaz de amar e odiar, unir e
separar, promover a paz e a guerra.
O maniqueísmo, próprio das grandes
religiões monoteístas, não se aplica
ao Candomblé, muito menos a Exu.
A cultura africana desconhece
oposições, em especial a oposição
entre bem e mal; sabe-se aqui que
o bem de um pode perfeitamente ser
o mal de outro, portanto, cada
um deve dar o melhor de si para obter
tudo de bom na sua vida, sempre
cultuando, agradando e agradecendo
a Exu, para que ele seja, no seu
quotidiano, a manifestação do amor, da
sorte, da riqueza e da prosperidade.
Exu é o orixá que entende como
ninguém o princípio da reciprocidade,
e, se agradado como se deve, saberá
retribuir; quando agradecido pela
sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando
esquecido é o pior dos inimigos e volta-se
contra o negligente, tirando-lhe
a sorte, fechando-lhe os caminhos e
trazendo catástrofes e dissabores.
Exu é a figura mais importante da
cultura
Iorubá. Sem ele o mundo não
faria sentido, pois só através de
Exu é que se chega aos demais orixás
e ao Deus Supremo Olodumaré.
Exu fala toda as línguas e permite
a comunicação entre o
Orum e o Aiê,
entre os orixás e os homens.
Exu é o dono do mercado, o seu
guardião, por isso todo o comerciante e
aqueles que lidam com venda devem
agradar a Exu. As vendedoras de acarajé,
por exemplo, oferecem sempre o
primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua,
não só para vender bem, mas também
par afastar as perturbações, evitar
assaltos etc.,
u seja, para que Exu seja de facto um
guardião e proteja o seu negócio.
É importante ressaltar que Exu
não tem amigos nem inimigos.
Exu protege sempre aqueles que o agradam
e sabem retribuir os seus favores.
Exu foi a primeira forma dotada
de existência individual.
Não se sabe ao certo a sua região de origem
em África, pois em todos os reinos
se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto,
que chegou a ser rei de Kêtu.
Exu renasceu várias vezes e a sua história
revela que é filho de Orunmilá
ou de Oxum, dependendo do
momento em que renasce.
DIA: Segunda-feira.
CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto.
ELEMENTOS: Terra e fogo.
DOMÍNIOS: Sexo, magia, união, poder e transformação.
SAUDAÇÃO: Laroié!